O silêncio das respostas — It's Lizzie



Escritos

O silêncio das respostas

© Créditos/Reprodução: Unsplash

— Que horas vamos sair para a exposição? — perguntei ao Peter, enquanto ele lavava a louça com aquela cara fechada que eu passei a conhecer tão bem nos últimos meses.

— Às três e meia. — respondeu ele, seco, direto, com um tom que me fez congelar por dentro.

A exposição começava às quatro, e o lugar não era nada perto de onde morávamos. Estranhei o horário e insisti:

— Mas a exposição começa às quatro. Vai dar tempo?

Ele bufou. Com uma força desnecessária, apertou a bucha roxa que segurava. A espuma escorreu pelos seus dedos enquanto ele abria a torneira bruscamente, lavava as mãos como se estivesse tirando algo mais do que sabão e, sem dizer nada, saiu da cozinha em direção ao quarto. Em menos de dois minutos, já estava trocado e, de repente, começou a me apressar como se o atraso fosse culpa minha.

Peter disparou na frente, andando rápido, como se cada segundo contasse mais do que eu. Um dos meus pés ainda doía por causa daquele acidente de anos atrás com o meu pai. Eu tentei manter o ritmo, mas simplesmente não dava. Meu corpo implorava por um pouco de calma, e eu tive que desacelerar.

Quando ele percebeu que eu não o seguia de perto, parou abruptamente, virou-se, e com uma expressão que me doeu só de olhar, veio até mim. Me puxou pela mão e, com a voz elevada, acusou:

— Você sempre anda rápido, e hoje decidiu andar devagar só pra me irritar, não é?

O impacto das palavras dele me atingiu de um jeito que eu não esperava. Senti um tremor por todo o meu corpo, mas não era de medo. Era de tristeza, de uma dor que eu mal conseguia descrever. Eu não reconhecia mais o homem à minha frente. O Peter que um dia me fazia rir até a barriga doer agora parecia um estranho, distante, frio.

E eu, presa em meus próprios pensamentos, me perguntava repetidamente o que eu havia feito para ele mudar tanto assim. Mas, por mais que tentasse encontrar uma resposta, tudo o que fazia era andar em círculos dentro da minha própria cabeça. E lá dentro, o silêncio das respostas inexistentes me consumia cada vez mais.

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Oi! Eu sou a Lizzie e este é o meu espaço na blogosfera. Sou uma aquariana que estuda idiomas e assiste dramas asiáticos. Ah, e eu sou a rainha das gambiarras Saiba mais!